Está rolando no Facebook uma brincadeira em que as pessoas desafiam umas as outras a escrever uma lista simples dos dez jogos que mais as influenciaram. O Alê me desafiou, e eu decidi levar a coisa mais a sério do que só “duas linhas por jogo”: decidi fazer essa lista aqui, em formato top 10. A idéia é ser extremamente honesto, portanto os jogos que estão aqui não necessariamente são bons jogos, ou mesmo marcaram época por qualquer motivo. Eles marcaram minha vida, e só isso importa.
10 – SimCity 2000
SimCity 2000 foi uma das minhas primeiras experiências com games diferente de plataformers, corrida ou luta. É um jogo estratégico, onde eu podia parar o tempo e pensar no que deveria fazer.
Não demorei para dominar o jogo, fazer cidades monstruosas e tudo perder a graça, mas a semente estava plantada: existiam jogos estratégicos, existia um mundo inteiro que não dependia da minha velocidade de reação. O resto do mundo viria depois.
9 – Mônica no Castelo do Dragão
Por que essa cópia descarada de Wonderboy me é tão importante? Porque é o primeiro jogo em que me importei em ser bom. Mônica no Castelo do Dragão tem muita coisa escondida, e o seu tempo de reação é muito menos importante do que saber onde pular, o que comprar, quando, e que itens usar. Eu terminei esse jogo? Não. Mas cheguei na última fase antes de um raio decidir que eu nunca mais deveria jogar Master System.
8 – The Curse of Monkey Island
Se SimCity me ensinou que jogos poderiam me dar tempo, Monkey Island me ensinou que eles poderiam me dar trabalho e risadas.
The Curse of Monkey Island me marcou porque nele vi que as coisas podiam ser melhores: as falas, a história, os controles, o tema, tudo! Os jogos podiam e mereciam ter tratamento de grandes obras. E mereciam tempo e dedicação, não apenas duas horas da minha tarde.
7 – Minecraft
Minecraft me deu algo que poucos jogos podem dar a um introvertido como eu: um senso de comunidade.
Eu gostava do jogo e suas infinitas possibilidades desde que o comprei mas, quando finalmente joguei online com alguns amigos é que entendi o que ele significava: construir juntos, moldar juntos, evoluir para uma comunidade e, só quando todos estivessem alimentados, seguros, armados e equipados, nos preocuparmos com construções megalomaníacas e circuitos impossíveis – mas sim, nos preocuparmos com isso!
Até hoje, nenhum outro jogo incutiu em mim esse senso de crescimento conjunto, de possibilidades infinitas e riscos compartilhados. Ele aumentou consideravelmente a responsabilidade do próximo candidato a tentar ser um jogo de mundo aberto e mutável. E tem muita gente tentando.
6 – Pokémon Red
Não é pela comunidade, por pegar todos, pelo nível ou por nada além de uma coisa muito enraizada em mim hoje. Não é sobre o caminho certo, é sobre o MEU caminho.
Eu terminei Pokémon Red mas, ignorando o que meus amigos falavam, não treinei um Dratini até o level 100, não fiz o Charizard invencível, não carreguei um Alakazam na minha party. Eu fiz um Pigeot level 100, e socava a cara do que viesse pela frente com ele. Sim, eu tinha outros pokémons e trocava de vez em quando para me aproveitar de vantagens de tipo, mas meu main – e quase único – pokémon era o Pigeot. E dane-se o melhor jeito, dane-se usar um tipo dragão. O que importa é que eu vou terminar do meu jeito e, por mais estúpido que ele seja, ele será meu.
5 – Team Fortress 2
Eu comprei a Orange Box no lançamento por causa de Portal, mas queria tentar jogar algo online e então resolvi abrir Team Fortress 2. O difícil foi fechar depois.
Finalmente tinha encontrado um jogo de tiro em primeira pessoa que fizesse sentido para mim. Eu podia ser um Heavy e não ter medo de morrer! Eu poderia ser um Engenheiro e ser menos importante do que as minhas construções! Havia estratégia real ali, e não só a busca incessante pelo headshot, pelo campspot perfeito. Com o tempo, os amigos também compraram e se converteram, fazendo desse jogo o mais absurdo número de horas do meu Steam: quase 700, e isso só depois de 2010.
4 – Counter Strike
Como gamer, Counter Strike (ou o famoso CS) teve pouca influência. Mas a cultura dele teve muita. Quem lembra da época das Lan Houses, em que ficávamos nos famosos corujões, a madrugada toda, jogando CS e tomando refrigerante? Eu lembro. E lembro que no dia seguinte estava descansado como nunca. Demorou um tempo até desassociar o jogo da madrugada, mas seu ambiente permitiu que um jovem Proto descobrisse que o melhor momento para estar acordado é a madrugada.
3 – The Legend of Zelda: Ocarina of Time
“O mundo é muito maior que a história que você está vendo”
Zelda foi minha primeira experiência em um game com sidequests: resgatar o cachorrinho da mulher, fazer as trocas de máscaras, pegar a espada do Big Goron… Havia uma história, por mais simples que fosse, por trás de tudo. Ok, não era nenhuma novela, mas havia um roteiro para cada personagem, e eu podia explorar o mundo à vontade e encontrar coisas escondidas. Talvez uma Skulltulla, talvez só rupees, talvez uma Gossip Stone engraçada, mas a exploração que Zelda me permitiu naquele ambiente 3D era fantástica para o Proto de 10 anos, e esse senso de descoberta, de susto com o mundo, ficou. Talvez por isso eu goste tanto de só andar por Minecraft procurando geografias interessantes.
2 – Portal
Quando joguei Portal, logo antes de Team Fortress 2, tive a mesma epifania de quando joguei Monkey Island: uma sensação de “isso é absolutamente fantástico!” que demoraria muito a passar. Foi nele, ouvindo os comentários dos desenvolvedores, que percebi que um projeto pode ser pequeno e quase irrelevante, mas, se for feito com amor, por pessoas que se importam, terá um espírito muito maior que o projeto. E eu levei isso para a vida.
Ou você acha que a gente gosta pouco de fazer o WannaPlay?
1 – Alex Kidd in Miracle World
Esse não foi o primeiro jogo que eu joguei na vida, nem o que eu mais joguei, nem o que eu mais gostava. Mas é o jogo que mais assisti ser jogado.
No começo dos anos 90, eu tinha um Master System III, que vinha com Alex Kidd na memória. E eu, com minha completa incapacidade para plataformers, não conseguia ir muito longe nele. Mas minha mãe conseguia. Eu sentava e assistia minha mãe jogar por horas a fio no que era, para ela, o descanso e, para mim, uma aventura. Via minha mãe errar, morrer, resetar o jogo, começar de novo, vencer chefes, achar segredos… Eu largava tudo o que estava fazendo para ver minha mãe jogar.
E foi por causa disso que sempre soube que todos poderiam jogar. Se minha mãe – aquele estandarte de correção que temos aos cinco ou seis anos – podia jogar, como isso poderia ser errado? Como poderia ser algo violento, ou só para meninos, ou chato? Pô, minha mãe jogava! E isso era boa parte da parte boa da minha infância.
Essas cenas – e esse jogo – fizeram boa parte do que eu sou hoje, do que eu acredito, de como eu vejo o mundo. E vai ficar pra sempre na memória.
E você, caro leitor e ouvinte? Quais os jogos mais marcantes da sua vida? Desafio todos a postarem nos comentários!
Autor: Felipe Proto (@nerdmor)