Pois é moçada, ontem joguei bastante os dois jogos, ambos no PC, para então fazer meu review mais concreto sobre eles. Como são dois jogos, o texto ficou loooongo, espero que consigam chegar ao final. 🙂
É impossível não fazer comparações, pois são dois jogos de plataforma da Disney, masterpieces em suas épocas e com remakes lançados mais ou menos ao mesmo tempo.
Primeiramente, não sei se é bom classificá-los como remakes. Ambos acrescentaram elementos extras de jogabilidade, redesenharam a maioria das fases e regularam a dificuldade pra baixo para que a geração leite com pera e ovomaltino pudesse se divertir sem ter que chorar suas frustrações com o psicólogo.
Vou fazer os reviews separados e depois venho com uma conclusão, comparando o que julgar necessário.
DuckTales Remastered
Bem, esse é um jogo que eu tenho um carinho especial. Eu tenho os dois DuckTales de NES originais na coleção e são jogos que me divertiram na época e me divertem até hoje.
Quando soube que seria feito um remake HD, imediatamente liguei meu NES, abri uma Stella, joguei de novo e, para a minha surpresa, consegui terminar! Supresa porque o jogo não tem save, password, checkpoint, nem continues. Morreu tudo, já era!
O DuckTales original é uma obra prima da época. Depois de meia dúzia de jogos meia boca (como Mickey Mousecapade), a Disney passou a trabalhar com a Capcom e deixou o jogo na mão de Keiji Inafune, que usou toda sua experiência com Mega Man para fazer um jogo fantástico (dá pra achar vários elementos de MM em DT). Além disso, a trilha sonora é uma das mais legais dos videogames, assinada por Yoshihiro Sakaguchi, que também compôs diversos temas de Street Fighter e Mega Man.
Pensando nisso, fiquei um pouco apreensivo com o que iriam entregar para os jogadores numa época em que games são superproduções. Mas a Capcom fez um bom trabalho com o jogo, mesclando personagens e inimigos em 2D de alta resolução, como em Street Fighter Turbo HD Remix, só que com animações lindas e cheias de vida, diferente do mesmo SF2HD, que é lindo mas todo duro. Os cenários são todos em 3D e com qualidade de jogos Live Arcade. Até então, nada demais aqui.
Já na parte de som, o cuidado foi enorme. O jogo tem todas as músicas clássicas e marcantes da versão de NES remixadas, mas sem perder a essência do clássico. E ainda acrescentaram voz aos personagens, com os dubladores originais da série de TV.
A jogabilidade é basicamente a mesma. O jogo apresenta uma “física falsa” como a dos jogos antigos, beneficiando o jogador com saltos precisos, algo necessário num jogo que não é moleza.
O design das fases foi ligeiramente alterado, e elementos foram adicionados para aumentar a durabilidade do game (DuckTales de NES é um jogo pequeno). Em todas as fases, elementos precisam ser recolhidos e reagrupados antes de prosseguir. Isso já existia no original, mas em menor quantidade.
O clássico movimento de Pogo (baixo + B durante o salto) em que o Patinhas usa a bengala como pula-pula para matar os inimigos foi simplificado para B durante o salto, mas pode ser alterado nas opções. Isso pode parecer pouco mas, em algumas fases, o controle entre ativar e desativar o Pogo é fundamental e a versão simplificada ajuda muito.
Eu comecei jogando direto no Hard e passei 3 fases de primeira (Transilvânia, African Mines e The Himalaias), mas não tive tanta moleza não. Mesmo com todas as facilidades criadas, o jogo é bem hardcore. Não testei o Normal e o Easy para ver as diferenças.
Então desliguei o jogo e passei para o próximo review.
Castle of Illusion
Um dos jogos mais legais do início do Genesis/Mega Drive, com uma versão de Master System simplesmente fantástica e, para muitos, inclusive para mim, melhor que a de 16 bits. Assim como o DuckTales, ambas as versões são obras-primas de sua época.
As duas versões eram bem difíceis, mesmo num tempo onde jogos difíceis e impossíveis eram comuns.
Como eu estava jogando o Epic Mickey 2 de 3DS que, ao contrário da versão dos consoles, é 2D e totalmente inspirado em Castle of Illusion, o anúncio deste remake foi uma surpresa para mim. Aliás até achei estranhas algumas atitudes da Sega, como tirar a “bundada” do Mickey dessa versão, uma vez que ela está presente no 3DS, assim como as músicas originais remixadas e até mesmo os efeitos sonoros do jogo do Genesis.
De início notei que a escolha da Sega para este remake foi fazer tudo em 3D, utilizando movimentação em 2D mesclada com 3D em determinadas partes do jogo. Essa transição, que normalmente é uma porcaria, ficou intuitiva e simples, um ponto positivo para o jogo.
Os gráficos estão acima da média para jogos arcade. Tem uma parte que ele sobre para as nuvens que me deixou babando. Não é nada demais, apenas muito bem executado, uma fotografia (se é que isso existe em jogos) comparável ao jogo clássico, que também impressionava muito.
A parte sonora, assim como em DuckTales, é ótima e respeita as melodias marcantes do jogo original, remixadas e atualizadas, embora eu tenha achado que no jogo da Capcom isso seja mais evidente. A parte que não gostei foi a do narrador, que fica dando uma de capitão óbvio e falando o tempo todo durante o jogo. Achei que quebra o clima, além de irritar quando você se vê obrigado a ouvir de novo o mesmo blablabla depois de morrer. Aliás, a impressão que tive foi que o narrador é o mesmo de Trine e Trine 2. E tão chato quanto.
A jogabilidade, infelizmente, é o ponto negativo de Castle of Illusion. Controlar o Mickey no Genesis não era lá a coisa mais legal do mundo, mas o remake pecou demais neste ponto. O jogo parece usar física realista como a usada em jogos como LittleBigPlanet, Trine, Shadow Complex ou o novo Flashback.
Não sei se consigo ser claro na explicação, mas parece que jogos feitos em 3D para simularem jogabilidade 2D, e que usam física padão de engines 3D ficam meio estranhos. Quem já jogou LittleBigPlanet sabe o inferno que é saltar rapidamente por plataformas pequenas porque o personagem tende a deslizar nas beiradas e perder força, diminuindo a altura do pulo ou até mesmo caindo direto. Isso acontece o tempo todo em Castle of Illusion.
Diferente de jogos como Mario ou até mesmo o DuckTales, que parecem usar uma “física falsa”, para que o jogador tenha mais controle nos saltos, em Castle of Illusion vai ser frequente a frustração ao tentar pular uma plataforma de bordas arredondadas, como um tronco, e descobrir que seu personagem escorregou na borda e caiu.
Além disso, senti um pequeno delay entre o apertar do botão e a execução do salto que atrapalha muito. Isso pode ser influência do meu PC, apesar dele estar rodando o jogo muito bem. Preciso ver se isso acontece nos consoles.
Esquecendo um pouco as partes negativas, o design das fases, totalmente refeito a ponto do jogo nem merecer ser chamado de remake, dá um show à parte. Diversos caminhos novos, fases escondidas e itens secretos para procurar, trechos em 3D mesclados de forma muito natural com trechos 2D, um castelo totalmente repensado, que é impossível de não comparar com o castelo de Super Mario 64, mas que mesmo assim ficou muito bom e tudo isso sem tirar a essência do jogo original.
Assim como em DuckTales, o jogo foi muito facilitado. Eu passei os três primeiros mundos de primeira, pegando todos os itens secretos! Só para ter uma ideia, o jogo já começa com cinco pontos de energia, três vidas e cair em buracos não mata, apenas tira um ponto de energia. Mas, mesmo assim, jogadores novatos podem ter alguma dificuldade com as fases mais avançadas. Mas eles precisam sofrer um pouco, então está bom assim.
Castle of Illusion x DuckTales Remastered
A inevitável comparação! Bem, vamos lá.
Os dois jogos cumprem bem o papel de representar os jogos clássicos nos dias de hoje. Em ambos falta o brilhantismo. Eram GOTY de suas épocas e hoje são só dois joguinhos arcade comuns no meio de tantos outros. Mesmo assim o potencial de agradar os nostálgicos e também os novatos é enorme.
Para crianças, eu recomendaria Castle of Illusion. Mesmo com todas as falhas de jogabilidade, é muito mais fácil que DuckTales. O jogo da Capcom ainda preservou a jogabilidade cruel do NES, com plataformas pequenas, inimigos que surgem na hora pra te jogar no buraco e buracos que tiram vidas, e não energia.
DuckTales me pareceu mais um produto de nicho, para pegar a galera dos 30, e Castle of Illusion mira também no público de hoje.
Os dois jogos valem o preço pedido, sem dúvidas, mas acredito que Ducktales tenha uma vida útil menor. Dá pra terminar em menos de 2h se a pessoa ainda tiver as skills de antigamente. Castle of Illusion parece ser mais longo.
Pra finalizar, vou deixar uma ilustração rápida que eu fiz explicando mais ou menos como ficou a diferença de jogabilidade dos dois, a comparação entre a “física falsa” e a “física realista’ que citei nos reviews. Espero que entendam. 🙂
Autor: Saulo Santiago, colecionador de videogames (novos e antigos), designer gráfico e programador de jogos por hobby.
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