Já não é mais surpresa para ninguém que o console híbrido Nintendo Switch é um grande sucesso e está quebrando recordes de vendas e aceitação por parte dos fãs da gigante japonesa.
Porém também estão se tornando igualmente comuns os relatos sobre a falta do produto no mercado.
Semana após semana é possível encontrar na Internet reportagens sobre as filas gigantes que se formam em frente às lojas, principalmente no Japão. Neste mês de agosto alguns relatos trouxeram informações sobre filas de até 3.000 pessoas em frente às lojas que receberam o produto. E não falamos de 3.000 unidades dele, mas lotes entre 150 e 500 unidades do console que muito raramente chegam a estas lojas.
Quem se dispõe a ficar na fila, em geral, recebe uma senha e participa de um sorteio para comprar o vídeo game.
Aqui no ocidente o problema parece ser igualmente complicado, já que informações recentemente veiculadas afirmam que as GameStops dos Estados Unidos vêm recebendo lotes minúsculos de 5 unidades do Switch, que tendem a evaporar das prateleiras tão rápido quanto chegam. E é claro que o site para pedidos online da varejista não vê uma única unidade do console há muitos meses.
Já no Brasil a história é um pouco diferente. É praticamente impossível conseguir o aparelho aqui já que, sem representação oficial da Nintendo no país, a venda não acontece pelos meios comerciais tradicionais. O produto precisa ser importado e, aparentemente, não teremos acesso fácil no curto ou médio prazos, mesmo se a Nintendo conseguir ampliar a produção.
A pergunta que todos estão se fazendo
Será que esta falta de produto realmente se trata de um grande equívoco da Nintendo?
É compreensível que a empresa possa ter subestimado as vendas do Switch, mas sendo este produto o carro-chefe para esta geração de consoles e sendo também o hardware base dos próximos lançamentos de jogos da empresa, como puderam errar tanto?
Durante todo o desenvolvimento de um novo sistema são realizadas séries de pesquisas, cálculos complexos e negociações para que o produto lançado consiga atender à demanda do mercado. Claramente não é o que acontece no caso do Switch.
E a situação é tão bizarra que muitos acreditam que, de certa forma, isto faz parte da estratégia da Big N. Por mais estranho que possa parecer, não seria a primeira vez que a empresa reprime a demanda por seu produto.
Por outro lado, a Nintendo afirma continuamente que está trabalhando para resolver o problema e que, em breve, as vendas estarão estabilizadas. Segundo relatórios, o problema realmente está na produção e capacidade dos seus fornecedores.
Enquanto isso a base instalada do console híbrido já alcançou os 5 milhões de vendas pelo mundo. Trata-se do console de venda mais rápida da história da Nintendo desde o seu lançamento, o que poderia explicar em partes as dificuldades em lidar com o volume de consumidores interessados.
De um lado muito positivo, isso tem refletido diretamente nos números e nas expectativas de mercado. Relatórios da empresa revelaram recentemente que os lucros aumentaram para um patamar na casa dos US$ 500 milhões antes os US$ 270 milhões do ano passado. Recentemente a Nintendo retornou ao patamar das 15 maiores empresas do Japão, ultrapassando gigantes como a Nissan.
Por outro lado, os analistas alertam que este crescimento poderia ser muito maior caso a empresa não tivesse passando por dificuldades com a distribuição do Switch. A falta do produto no mercado é claramente o maior gargalo econômico da japonesa que, mesmo assim, reportou crescimento de 148% da receita no último trimestre.
Escassez do Switch pode piorar
A escassez pode se agravar ainda mais nos próximos meses com o lançamento do tão aguardado Super Mario Odyssey e com a chegada do Natal. Apesar da Nintendo afirmar que estão precavidos para a data, é quase impossível acreditar que vão dar conta do recado.
Talvez a montagem do Switch seja mais complexa do que achávamos ou até do que a própria Nintendo poderia esperar. É claro que não estamos dizendo aqui que a produção de um console é fácil, mas se comparada com a entrega e distribuição de concorrentes imediatas, como a Sony e a Microsoft, a incapacidade da Nintendo em atender a demanda do mercado beira o surreal.
E é possível que o Natal seja a linha divisória para finalmente sabermos se tudo se trata de uma grande estratégia de demanda reprimida ou se a Nintendo realmente está lidando com problemas de produção:
- Caso a oferta do Switch se estabilize até lá e toda a demanda seja atendida durante o final do ano, fica provado que a empresa aproveitou (ou provocou) a falta do produto e suas filas gigantes para segurar o interesse do consumidor enquanto a plataforma ainda apresenta poucos jogos relevantes.
- Em caso negativo, persistindo o problema, então saberemos que as dificuldades de produção são reais. Não existe justificativa estratégica para deixar de aproveitar o melhor momento de vendas do ano, certo?
Por mais estranho que seja…
Os números são bons. Os lucros crescem. A empresa evolui. Tudo isso precisa ser considerado e, talvez, reprimir a demanda seja parte da estratégia. Algo estranho de se pensar à primeira vista, já que esta repreensão parece muito exagerada para se tratar de uma estratégia, mas neste ramo muitas “inovações” se baseiam nos malabarismos comerciais.
E caso estejamos falando de um problema real de produção e distribuição, fica o alerta: em um mercado que movimenta 100 bilhões de dólares por ano, perder oportunidades para si mesma pode ser o maior problema para uma empresa em franca recuperação.