Parece que os maiores temores da Ubisoft estão chegando a galope. Nas últimas semanas a empresa responsável por grandes jogos como Assassin’s Creed e Watch Dogs, também uma das maiores e mais importantes distribuidoras do mercado, vêm executando manobras para evitar a aquisição hostil por parte da Vivendi.
A Vivendi que, por sinal, já teve controle sobre a operadora GVT e também sobre a Activision Blizzard, sendo que a última conseguiu retomar sua independência há poucos anos, parecia estar adormecida e desinteressada com o mundo dos games até o ano de 2015, quando começou a demonstrar muito interesse pela Ubisoft. E um interesse nada amigável. A empresa iniciou um movimento massivo para adquirir a Ubisoft de forma hostil, ou seja, comprar a maior participação de uma empresa que não deseja ser comprada através de mercados público, nas bolsas de valores, ganhando assim o poder majoritário do negócio.
Yves Guillemot e seu irmão fundaram a Ubisoft e, desde o início, foram os gestores e seus detentores majoritários, bem como da desenvolvedora mobile Gameloft. Em junho deste ano a Vivendi adquiriu a Gameloft com 62% do capital e um total de 56% dos votos dos acionistas, assumindo o controle da empresa. Este movimento obrigou a Ubisoft a abrir negociações com a gigante francesa, aumentando ainda mais as tensões.
Desde então a Ubisoft vem lutando para garantir que o trabalho da Vivendi se torne difícil demais para valer a pena. O CEO Yves Guillemot chegou a pedir que seus apoiadores, inclusive o governo, contribuam com a compra de mais ações, oficializando a supremacia de sua empresa. Um pedido difícil e custoso de se cumprir, mas que é encabeçado pela própria família Guillemot, que comprou de volta 3,625,178 ações que estavam sob poder do banco Bpifrance, pagando um total de US$ 137.9 milhões.
Em seus discursos, Guillemot adotou a retórica de que o mercado de games é um mercado pautado pela liberdade de expressão e criatividade, alertando que grandes empresas de outras áreas costumam impor gestores pautados apenas pelo lucro, causando a morte da criatividade. Nos últimos 30 anos a força e o crescimento da Ubisoft se baseiam na liberdade, tanto criativa quanto administrativa, segundo seu CEO, o que acabou sendo reforçado pela campanha “We Are Ubisoft”, segundo Guillemot iniciada pelos próprios funcionários.
O grande momento de tensão se configurou então no último dia 29 de setembro (2016), quando a Vivendi se mostrou presente na reunião anual da Ubisoft e tentou eleger seus representantes para o conselho. A tentativa foi frustrada e Yves Guillemot foi reeleito como CEO da Ubisoft, além de Gerard Guillemot no cargo de CEO da Ubisoft Motion Pictures, produtora que está trabalhando com estúdios nos filmes de Assassin’s Creed, Splinter Cell e The Division.
A Vivendi afirmou que vai lutar para eleger seus representantes em 2017 e, com o controle de boa parte das ações, continuará a trabalhar pela aquisição hostil.